📄 ARTIGO CIENTÍFICO

Síntese de EvidênciaSíntese de Evidência

IA no combate à hanseníase: um mapa das pesquisas para guiar gestores do SUS

Título Original (Português): Sobre o uso de inteligência artificial no cuidado da hanseníase: Uma revisão sistemática da literatura

Original Title (English): On the usage of artificial intelligence in leprosy care: A systematic literature review

Autores:

Hilson Gomes Vilar de Andrade, Elisson da Silva Rocha, Kayo H. de Carvalho Monteiro, Cleber Matos de Morais, Danielle Christine Moura dos Santos, Dimas Cassimiro Nascimento, Raphael A. Dourado, Theo Lynn, Patricia Takako Endo

Acessar Artigo
IA no combate à hanseníase: um mapa das pesquisas para guiar gestores do SUS

Tipo de Estudo

Síntese de Evidência

Objetivo da Pesquisa

Analisar e resumir o que a ciência já produziu sobre o uso de Inteligência Artificial (IA) em todas as etapas do cuidado da hanseníase, desde a vigilância e diagnóstico até o tratamento e monitoramento, para identificar o estado atual da tecnologia e as lacunas de pesquisa.

Problema/Lacuna que Soluciona

A maioria das pesquisas sobre IA e hanseníase foca apenas no diagnóstico por imagem de lesões de pele, deixando de lado outras áreas cruciais como vigilância de contatos, previsão de resistência a medicamentos e monitoramento de incapacidades. Este estudo mapeia todas as áreas para guiar futuras pesquisas e aplicações que possam contribuir de forma mais completa para a eliminação da doença.

Método

Os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática da literatura, um método rigoroso para encontrar e analisar estudos existentes. Eles buscaram artigos em seis grandes bases de dados científicas, encontrando inicialmente 657 trabalhos. Após um processo de triagem e avaliação de qualidade, 30 estudos relevantes foram selecionados para análise aprofundada.

Público-Alvo

Dados de 30 estudos científicos sobre o uso de Inteligência Artificial no cuidado da hanseníase, envolvendo diagnóstico, tratamento e vigilância.

Categoria: Dados Secundários

Abrangência Geográfica do Estudo

Nível: Global (Síntese)

Local: Revisão de estudos realizados em diversos países, incluindo Brasil, Bangladesh, Camarões, Gana e Índia.

Principal Resultado

A principal descoberta é que o uso de IA no combate à hanseníase está muito concentrado no diagnóstico por imagem (76% dos estudos), usando principalmente redes neurais para diferenciar lesões de hanseníase de outras doenças de pele. Há uma grande lacuna de pesquisas sobre o uso de IA para apoiar o tratamento, o monitoramento de pacientes após a cura e a vigilância epidemiológica, áreas fundamentais para o controle e eliminação da doença.

Contribuição para Saúde Pública/SUS

Este estudo funciona como um mapa para gestores do SUS e pesquisadores, mostrando onde a IA já tem potencial de aplicação (ex: apoio ao diagnóstico na Atenção Primária) e onde é preciso investir em pesquisa. Isso ajuda a direcionar recursos para desenvolver tecnologias que realmente atendam às necessidades do programa de controle da hanseníase no Brasil, um dos países com maior número de casos no mundo.

Estágio da Pesquisa

Síntese de Evidência

Possíveis Aplicações

Tecnologia/Ferramenta

Com base nos estudos analisados, é possível desenvolver ferramentas, como aplicativos de celular, que usam IA para analisar fotos de lesões de pele. Profissionais da Atenção Primária poderiam usar essa tecnologia para uma triagem inicial rápida, identificando casos suspeitos de hanseníase e encaminhando-os para confirmação diagnóstica. Isso é especialmente útil em locais remotos sem acesso a dermatologistas, agilizando o diagnóstico e a quebra da cadeia de transmissão.

Abrangência da Aplicação

Indeterminado

A tecnologia de análise de imagem é escalável. Pode ser implementada de forma piloto em municípios com alta carga da doença e, se validada, expandida para nível regional ou nacional, podendo ser integrada a plataformas do SUS, como o Conecte SUS.

Cenário de Aplicação

Atenção Primária (UBS)

Recomendações para o Sistema de Saúde

Necessidade de Pesquisa Futura

O estudo recomenda que o Brasil, por ser um país com alta carga da doença, invista em pesquisas que apliquem IA para além do diagnóstico. Isso inclui o desenvolvimento de modelos para prever resistência a medicamentos, monitorar a evolução de incapacidades e apoiar a vigilância epidemiológica dos contatos de pacientes, visando a eliminação da hanseníase como problema de saúde pública.

Limitações e Próximos Passos

Limitações

O artigo aponta que os estudos na área sofrem com limitações importantes: uso de bases de dados pequenas e privadas, o que dificulta a replicação e validação dos resultados; desequilíbrio nos dados de treinamento (poucos exemplos de hanseníase em comparação com outras doenças); e falta de testes das ferramentas de IA em cenários clínicos reais, o que impede saber se elas funcionariam na prática.

Próximos Passos

O estudo sugere que futuras pesquisas devem focar em áreas pouco exploradas, como o uso de IA para prever resistência a medicamentos, monitorar o desenvolvimento de incapacidades físicas e auxiliar no desenvolvimento de novos fármacos. Recomenda também a criação de bases de dados públicas e mais diversificadas, integrando imagens, dados clínicos e sociodemográficos para treinar modelos mais robustos e aplicáveis à realidade do SUS.

Principais Interessados

Grupos de Aplicação

  • Gestores do SUS (municipais, estaduais, federais)
  • Profissionais da Atenção Primária (médicos, enfermeiros)
  • Coordenações de programas de controle da hanseníase
  • Pesquisadores em saúde pública e ciência da computação

Financiadores Atuais

  • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
  • Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS), Ministério da Saúde (MS)

Financiadores Sugeridos

  • Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA/MS)
  • Departamento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (DECEIIS/MS)
  • Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) estaduais
  • Organizações não governamentais focadas em hanseníase

Benefício Já Gerado

Status: Não

Ainda não gerou impacto prático. Por ser uma revisão da literatura, o artigo sintetiza o conhecimento existente e aponta caminhos, mas não desenvolve ou implementa uma nova tecnologia.